A era moderna trouxe avanços para nossa sociedade, principalmente na área tecnológica. Esses avanços são desde máquinas, aparelhos eletrônicos e softwares inovadores, que nos ajudam principalmente nas áreas da comunicação e entretenimento. Nós convivemos com essas tecnologias diariamente, o que desperta incertezas e dúvidas sobre seus impactos na saúde.

Sabemos que, ao mesmo tempo em que a tecnologia auxilia no desenvolvimento de equipamentos e medicamentos importantes na área da saúde, aparelhos que não saem das nossas mãos (e da frente dos nossos olhos!) podem ser perigosos se usados por longos períodos sem pausas frequentes. A grande vilã do momento parece inofensiva, mas é um tema controverso e polêmico: as telas luminosas realmente prejudicam a visão?
Esse é um debate recorrente, principalmente entre as mamães e papais, extremamente dedicados em cuidar e preservar ao máximo a visão de seus filhos, mas que também buscam uma distração para os pequenos enquanto elas precisam trabalhar e realizar outras atividades da sua rotina pessoal e da casa. Presos nesse dilema, pais e mães acabam recorrendo às telas, mas limitando o tempo de exposição, enquanto outras famílias não acreditam que as telas sejam prejudiciais. Mas o que dizem os especialistas?

Evidências científicas mostram que as crianças que crescem em cidades apresentam maior porcentagem de miopia que as crianças que crescem em áreas rurais. Isso pode estar associado à menor exposição solar, mas também ao maior uso de telas e a vivência em ambientes fechados nas cidades, favorecendo o desenvolvimento não só da miopia, como de olho seco e irritações oculares. As atividades ao ar livre podem levar também a uma melhor qualidade do sono, além de estimularem a coordenação motora, o desenvolvimento corporal, a socialização e a criatividade.
Usar telas por períodos prolongados, sem pausas, reduz a quantidade de piscadas e, consequentemente, a lubrificação dos olhos. Durante partidas de jogos em computadores ou videogames, ou longo período assistindo vídeos ou em redes sociais, a lubrificação insuficiente da superfície ocular pode gerar incômodo, ardor, vermelhidão e lacrimejamento. Já a luz proveniente dos aparelhos, além do rápido movimento e cores produzem estímulos que mantem o cérebro em ação, e, além de ocasionarem problemas visuais, causam estrese, irritabilidade, tontura e dor de cabeça.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) possuem diretrizes para ajudar os papais a decidirem sobre o uso de telas por seus filhos pequenos. As recomendações são para crianças menores de 4 anos, mas podem ser adaptadas às crianças mais velhas e de acordo às necessidades de cada família e de suas crianças:
• Substituir o uso de aparelhos eletrônicos por brinquedos e atividades que estimulem a criatividade, como inventar histórias, pintura e outros jogos coletivos ou individuais.
• Não usar telas para distrair a criança durante a alimentação, o que prejudica, além da saúde dos olhos, a relação futura da criança com a comida.
• Não utilizar telas próximo ao horário do sono. A luz emitida prejudica a produção de melatonina, além de ser estimulante, atrapalhando a qualidade do sono e o descanso.
• Fazer acompanhamento de rotina com oftalmologista infantil para acompanhar o desenvolvimento dos olhos e da visão.
• Substituir as telas por atividades que movimentem o corpo, desde bebês até crianças mais velhas, para que desenvolvam a coordenação e a consciência corporal.

Contudo, é importante não demonizar o uso de aparelhos eletrônicos. Além de serem parte da rotina, auxiliando nos estudos, no compartilhamento de informação e desenvolvimento pessoal e profissional, eles auxiliam no lazer e entretenimento, tanto nos momentos de interação familiar e com amigos, quanto distraindo as crianças enquanto os pais precisam descansar ou realizar outras tarefas.

Adolescentes e adultos também podem adotar cuidados adequados para a idade e proteger a visão ao usar telas por longos períodos:
• Uso de colírios que imitam a lágrima, evitando o fenômeno do olho seco.
• Pausas durante o uso de equipamento eletrônicos.
• Durante o dia, procurar momentos em que possa “olhar longe”, focalizando objetos que estejam a cerca de, pelo menos, 10 metros de distância.
• Consultas de rotina com o oftalmologista.
• Caminhadas ou outras atividades ao ar livre.
• Reduzir o uso de aparelhos eletrônicos próximo ao horário do sono.
• Controlar o tempo de uso de telas, levando em consideração o tempo do trabalho.

Conclusão: O uso de telas luminosas como celulares, computadores, televisões e telões, tablet e kindle, pode sim trazer prejuízos para a visão, principalmente para olhos em formação, como os de crianças abaixo de 7 anos. Porém, o uso moderado, seguindo os cuidados e dicas do presente artigo, não deve ser demonizado e, a depender das decisões familiares, pode ser até necessário. O acompanhamento do desenvolvimento dos olhos e cuidados com a visão devem ser feitos por um oftalmologista. Agende sua consulta na OIE, clínica especializada em oftalmologia infantil e estrabismo.